domingo, 30 de dezembro de 2018

Carlos Veiga Pereira (1927 - 2018)


Morreu o jornalista com a Carteira Profissional mais antiga do país. Carlos Veiga Pereira foi diretor de informação da RTP de 1975 a 1976, chefe de redação do Diário de Lisboa e diretor da ANOP. Foi ainda membro do Conselho de Imprensa e presidente da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

O jornalista morreu este sábado no Hospital da Luz, em Lisboa. A sua Carteira Profissional tinha o número 01A.

Veiga Pereira trabalhou em vários jornais, nomeadamente o Diário de Lisboa, onde foi chefe de redação, e o Jornal Novo.

Nos anos de 1950/1960 fez parte da equipa do vespertino Diário Ilustrado, com Miguel Urbano Rodrigues, Victor Cunha Rêgo e José Manuel Tengarrinha, tendo coordenado o Suplemento Económico, até à intervenção das forças da ditadura do Estado Novo.

“Ele foi toda a vida um jornalista comprometido com a verdade da informação”, salientou Manuel Pedroso Marques, ex-presidente da agência Lusa, que era amigo de Veiga Pereira, nascido em Angola, em março de 1927.

"Gostava de falar com o Veiga Pereira (já não trabalhei diretamente com ele na Lusa). Tinha um grande, fino, cortante sentido de humor... uma qualidade que considero essencial num ser humano!", recorda o jornalista Nuno Simas.

Depoimentio da jornalista Luísa Tito de Morais:

Conheci o Veiga em Paris, nos anos 60, em casa de um amigo comum, o Câmara Pires. Era lá que nos encontrávamos todos, ou quase todos, aqueles para quem ser antifascista e anticolonialista, na altura, era difícil. Reencontrei-o só em 1975 quando fui trabalhar para a ANOP, depois Lusa. Com uma vida dedicada ao jornalismo, em Angola, Portugal e França, mas também à democracia quero lembrar que ele foi preso nos anos 50, com Agostinho Neto, Pedro Ramos de Almeida e muitos outros por pertencerem ao MUD Juvenil. Deve-se a ele, como jornalista, a pergunta numa conferência de imprensa a Humberto Delgado:"caso seja eleito, o que fará em relação a Salazar?". Ao que Delgado respondeu:"obviamente demito-o".

Depois da reforma, para além de o ver sempre nos concertos da Gulbenkian, estava com ele nos almoços dos ex-lusas e lusas que se realizam assiduamente e era sempre com enorme prazer que o ouvia contar mil e uma histórias, cheias de humor, que só ele conhecia. Vou ter muitas saudades delas.

Depoimento de Manuel José Nunes de Almeida:

O Veiga Pereira era um utilizador frequente do Centro de Documentação Texto da ANOP. Juntamente com o Ferreira Marques e o Roby Amorim tinham sempre conversas interessantes.

Com Bruno Domingues da Ponte fundou as Edições Salamandra em 1985, que continuaram de certo modo o legado da Minotauro, fundada em 1960 pelo primeiro.

Encontrava-o com frequência, amável como sempre, nas "Avenidas Novas" com a mulher.