segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Recordando João Carreira Bom (1945 - 2002) nos 20 anos da sua morte


 Já não me recordo bem da hora, bem matinal,  em que recebi o telefonema do Emídio Fernando, estava ele de serviço na TSF, com a pior notícia que eu podia receber. Se eu já tinha a informação do falecimento de João Carreira Bom. Faz hoje precisamente 20 anos – cinco depois da criação do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, só possível graças a ele.

O João, com quem eu fizera equipa na editoria Nacional do “Expresso”,  ficando para sempre como um dos meus amigos de vida, deixara o jornalismo por volta de 1989/1990. Passando para o “outro lado”, como se diz na gíria sobre as agências de comunicação e imagem, numa empresa formada de raiz por ele.

Não obstante a sua larguíssima e qualificada experiência no jornalismo diário – desde” O Século” à ANOP –, Vicente Jorge Silva cometeu o erro (e a injustiça) de não o envolver no grupo de jornalistas do “Expresso” que integraram a fundação do “Público”. Recusando manter-se no “Expresso” sob a Direção de José António Saraiva, o João, que tanto amava o jornalismo (e quanto o jornalismo tinha a beneficiar com ele no exercício ativo do jornalismo!), sem outra alternativa, mudou então de atividade profissional. Bem lhe custou essa decisão, na sua “alma” de jornalista! 

Um “salto”, é verdade, que lhe deu desafogo financeiro q.b., até para garantir a viabilização de um serviço gratuito e de acesso universal em prol do idioma oficial dos oito países lusófonos. Mas, também, e acima de tudo, conferindo-lhe absoluta credibilidade num setor não propriamente benfazejo... senão para os que pagam para terem boa imagem nos jornais.

Nestes tempos conspurcados pelo que é “plantado” no que passa nos “media”, mais as “fake news” e demais desinformação à solta, vale a pena recordar dois episódios de João Carreira Bom que ficam para a história do (bom) jornalismo português.

O primeiro foi contado numa recente e deliciosa crónica de Victor Bandarra. 

«Numa campanha dos anos 80, o jornalista João Carreira Bom levanta o braço para fazer uma pergunta numa conferência de Imprensa de um ministro. O governante, que havia botado palavrório durante meia-hora, faz um reparo. "Reparei que não tirou um único apontamento do que eu estive a falar!" Comentário histórico de João Carreira Bom. "E o senhor já disse alguma coisa?”»

O segundo episódio ocorreu estava ele de serviço na então ANOP, quando lhe chegaram rumores sobre a queda de um avião no aeroporto de Lisboa. «Ao que parece» – era assim que a informação lhe chegou –, levava a bordo o então primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro. O «ao que parece», como mandam as boas regras do jornalismo, levou o João a não colocar em linha a informação sem a sua confirmação oficial, com um telefonema prévio para a torre de controlo do aeroporto.  Foi o tempo demorado para ele e a ANOP terem perdido o que seria uma “caixa” mundial – dada por uma agência estrangeira, em Lisboa, que, mandando às urtigas os preceitos neste tipo de informação, disparou logo o que era, ainda, um mero rumor.

Hoje, quando tudo se notícia, seja verdade ou mentira, sem, sequer o indispensável contraditório quando esteja em causa o bom nome de terceiros, que saudades do jornalismo “à” João Carreira Bom!

José Mário Costa, actual responsável pelo Ciberdúvidas, na sua página de Facebook

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

João Quintas (1930 - 2022)

Foi, durante décadas, quadro das agências noticiosas portuguesas, na áerea da Agenda. Talvez o que mais tempo esteve nessas funções neste sector da Comunicação Social. Faleceu há quatro dias. Faria hoje 92 anos. Uma figura incontornável, que conviveu com várias gerações de jornalistas, que o recordam como "um senhor". Sempre afável, sempre jovial, sempre prestável. E com um sorriso matreiro, que nunca colocava a descoberto o que estava verdadeiramente a pensar num determinado momento.



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