terça-feira, 7 de abril de 2015

Fernando Fraga da Silva (1946 - 2015)


Nascido a 9 de Fevereiro de 1946, Fernando José Coelho Fraga da Silva era Tenente do Exército Português quando ingressou em 1978 na ANOP, iniciando aí uma carreira jornalística nas agências noticiosas que iriam levá-lo ainda à Notícias de Portugal (1982) e LUSA (1986).


Enquanto quadro das agências noticiosas nacionais, esteve nas editorias Internacional, Agenda, Comunidades e Novos Produtos e foi editor de fim-de-semana. Paralelamente, e dado o seu gosto pela Informática, acompanhou como representante dos jornalistas, os desenvolvimentos tecnológicos aplicados às Redacções onde trabalhou.

Essa qualidade específica de aliança entre jornalismo e know-how tecnológico leva-o à fundação da estação de televisão SIC, em 1992, onde foi o responsável pela informática aplicada ao processo editorial. Reformou-se em 2010.

Fernando Fraga da Silva foi ainda, em 2006 e 2007, docente na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa.

Fernando Fraga da Silva era um amante de fotografia e colecionador de máquinas fotográficas antigas. O seu último projecto foi um levantamento sobre a evolução das máquinas Reflex, projecto que contava editar em livro.

Era casado, pai de uma filha e avô de duas netas. Faleceu à primeira hora de sábado, 4 de Abril de 2015, vítima de cancro.

O Fraga, como era conhecido, fazia parte de uma tertúlia, o chamado Grupo de Marinhais, que se reunia assiduamente, um pouco por todo o país, em redor uma boa mesa, mas com mais frequência em Marinhais. Os outros membros do grupo, veteranos das agências noticiosas portuguesas - João Pinheiro de Almeida, Luís Pinheiro de Almeida, João Pedro Martins e Fernando Correia de Oliveira - recordam o amigo de 4 décadas. "Discreto, mas marcante!".


O Grupo de Marinhais: João Pinheiro de Almeida, Luís Pinheiro de Almeida, Fernando Correia de Oliveira, João Pedro Martins e Fernando Fraga da Silva

Guardam do Fraga "a gargalhada seca e em crescendo, sarcástica, arma de arremesso do seu humor ultra-fino. E o seu disparar fraseado, com pressa tal que algumas palavras não chegavam a sair, na rapidez do pensamento".

Lembram as suas exclamações típicas - "não é nada disso, pá!", "isso não presta para nada, pá! ", "esse computador é bom para o lixo, pá!" ou, comentando uma qualquer novidade tecnológica: “não tem nada que saber, pá..... ora vê lá.... eh, eh, eh.” (riso sarcástico).

Numa discussão, "o Fraga tinha sempre mais elementos, mais precisão de nome, de data, de circunstância", recordam.

Mas, sublinham os outros elementos do Grupo de Marinhais, apesar do gosto pela informática e pelas novidades tecnológicas, o Fraga nunca aderiu ao Facebook nem estava presente nas redes sociais, avisando sempre para o perigo potencial que isso representava.

Os companheiros de tertúlia rematam: "Foste um amigo de quatro décadas. O discreto que marcou. Estarás na nossa memória. No próximo almoço, ergueremos um copo por ti. Até sempre, camarada!"

Em baixo, imagem de uma das últimas mensagens que enviou a amigos, típica do seu humor fino.


Outros depoimentos:

"Tinha algo fundamental: calma. E transmitia confiança, pelo que dizia e, por vezes, pelo que deixava de dizer". Nuno Simas, Director-Adjunto da Lusa.

Na equipa fundadora da estação televisiva SIC, foi "escolhido em boa hora, foi muito importante porque ele era responsável pela informática e tinha uma muito grande componente jornalística". José Mário Costa, também ele fundador da SIC.

"Nunca tive o prazer de trabalhar directamente com ele, mas recordo do seu sorriso terno e sincero, da sua presença discreta e do seu ar sempre "zen", que faziam a diferença no caos da redacção. Recordo-me que sorria com o olhar e percebo a falta que um amigo como ele deva fazer. Que nos vossos próximos encontros nunca falte um brinde a este Amigo, que ele onde quer que esteja estará a brindar convosco...com um sorriso. Um abraço a todos a partir de Moçambique". Sílvia Fernandes, antiga jornalista da Lusa.

"A paciência, a simpatia do Fraga. Deixa saudades. O Fernando era o responsável da Informática na SIC. Um dia enviou-me um mail, matéria importante, imprimiu-o e veio entregar-me o papel em mão no corredor.
- Mas porque é que me trazes um print, se já me enviaste a informação por mail?
- É para ter a certeza que o vais ler - respondeu-me.
Fiquei a gostar ainda mais dele a partir desse dia". João Carlos Barradas, antigo jornalista da Lusa e da SIC.

"Tive o prazer de trabalhar muitas vezes directamente com ele, na "ponte" entre a DT e a DI. Muitas memórias! A dada altura, os jornalistas até deram o nome de "fraguinha" ao cursor nos primeiros computadores", Fernando Pires, responsável técnico na Lusa.

"Recordo o ar tranquilo, calminho. Estava quase sempre a sorrir. Não a rir, a sorrir. É esta a imagem que guardo". Paula Colaço, antiga jornalista da Lusa e da SIC.

"O Fraga tinha um sorriso doce. Um sorriso menino em que os olhos acompanhavam a boca". Cláudia Páscoa, jornalista da Lusa.

"Pelo tempo que contactei com ele (já lá vão muitos anos), fiquei com a ideia de um tipo muito sóbrio e muito competente. Não me esqueci do dia em que, na NP, por haver muito pouca gente no internacional, fui lá fazer uma perninha. Pois o Fraga não se acanhou e corrigiu (e bem) uma notícia que, embora feita pelo director, não estava inteiramente de acordo com as regras... Que descanse em paz!". Appio Sottomayor, antigo Director de Informação da agência noticiosa NP - Notícias de Portugal.

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