Morreu João Pedro Martins, um dos jornalistas "históricos" das agências
Lisboa, 14 mar (Lusa) - João Pedro Martins, jornalista de agência na ANI, ANOP, NP e Lusa e durante anos chefe do Centro de Documentação da Lusa, morreu na terça-feira no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, disse um amigo e colega.
Nascido em 1950 em Lisboa, João Pedro Martins ingressou no mundo das agências noticiosas, em janeiro de 1974, na então ANI, tendo já na ANOP sido redator, coordenador e delegado em Évora e nos Açores. Mais tarde, foi coordenador e chefe do Centro de Documentação da Lusa, tendo saído da agência em finais de 2002.
João Pinheiro de Almeida, seu colega e amigo, referiu que João Pedro Martins era um dos profissionais de agência mais antigos e recordou-o como alguém sempre bem disposto, alegre e animado, que já na fase da doença dizia, com ironia: "Estou sempre bem, desde que não me doa".
"Morreu um bom homem bom", lamentou, acrescentando que João Pedro Martins, que vivia em Marinhais, juntava sempre que possível o seu núcleo de amigos mais próximos.
Por sua vontade, não haverá velório. A missa de corpo presente realiza-se na sexta-feira, pelas 14:30, no cemitério de Barcarena (Oeiras), seguida da cremação do corpo.
Sobrevivente de cancro há quase quatro décadas, João Pedro Martins conviveu pela última vez em Dezembro de 2017 com camaradas veteranos das Agências Noticiosas. Da esquerda para a direita, João Pedro Martins, Manuel Moura, Fernando Correia de Oliveira, Francisco Saraiva Marques e João Pinheiro de Almeida.
João Pedro Martins sabia receber, na sua casa de Marinhais. Especialmente o grupo que ficou conhecido pelo nome daquela localidade ribatejana. Como ele, veteranos do jornalismo desde os tempos da ANI... Em pé, João Pinheiro de Almeida e Fernando Fraga da Silva (também já falecido). Sentados, Fernando Correia de Oliveira, João Pedro Martins e Luís Pinheiro de Almeida. Em baixo, mais uma confraternização do Grupo de Marinhais.
Recordação dos primeiros tempos de João Pedro Martins como jornalista
O Grupo de Marinhais também andou por outras paragens...
Depoimentos:
João Pinheiro de Almeida
Querido amigo, estás finalmente em paz. Connosco fica a imagem de um tipo sempre optimista e bem disposto. Desde que não me doa, está tudo bem, dizias. Agora não te dói nada, a nós dói muito.... beijo, João, cuida de nós.
Appio Sottomayor
Nunca mais o tinha visto, desde os tempos da NP. Mas ficou-me sempre a ideia de um bom profissional e um bom companheiro. Mais um que parte... Que descanse em paz!
Carla Matias
O João Pedro Martins (juntamente com o Ferreira Marques) foi o meu primeiro chefe. Dele recordo sempre a amabilidade, a boa disposição e, acredito, uma sincera amizade e o respeito que sentia por aqueles com quem trabalhava directamente. Os tempos, e a inércia, afastaram-nos fisicamente, mas lembro-me muitas vezes da importância que ele teve na minha vida profissional. Obrigada, João Pedro!
Jorge Máximo Heitor
Um dos elementos daquele grupo maravilhoso com que na ANI começou o ano de 1974. Com o Luís Pinheiro de Almeida, o João Pinheiro de Almeida, o Fernando Correia de Oliveira e o Francisco Saraiva Marques. Foi perto de um ano de grande camaradagem até eu decidir ausentar-me para Londres. Boas memórias.
Fernando Correia de Oliveira
De João Pedro Martins, ninguém poderá dizer mal. Vivia muito bem consigo e com os outros. E lidava com optimismo contra o cancro, numa batalha de quatro décadas. "Desde que não me doa", costumava atirar, com o sorriso solar e bondoso com que brindava quem se aproximava dele.
Delegado da Agência Lusa em Évora durante os anos de brasa da Reforma Agrária, a sua independência, profissiobnalismo e bonomia ajudaram a que ali fizesse um trabalho difícil, arriscado, mas exemplar.
Regressado a Lisboa, cedo fez carreira em Documentação e Arquivo. Mas o seu gabinete era, antes de mais, "muro de lamentações", caixa de confidências de camaradas, eles e elas à procura de um ombro amigo, de quem os escutasse. E João Pedro Martins sabia escutar, tinha compromisso de reserva. Sabia muito, não revelava nada.
Da memória de vários computadores fomos buscar quase 45 anos da vida de João Pedro Martins. Da nossa vida. Acompanhámos namoros, casamentos e divórcios de um homem charmoso. Sempre calmo, optimista, apreciador de mulheres bonitas, bons carros, grandes motas, vinhos e comida, há 15 anos que se tinha instalado na sua quinta de Marinhais. Onde sabia receber.
João Pedro Martins acreditava na imortalidade do espírito. Isso te-lo-á ajudado nos dias derradeiros de vida. Neste tipo de notas, costuma-se falar com quem faleceu, como se essa pessoa ainda nos pudesse ouvir. No caso do João Pedro, se ele estava (está) certo, podemos, por maioria de razão, dizer "Salve camarada, amigo, irmão!".
2 comentários:
O João Pedro merece estar num LUGAR BOM.
Manuel José NUNES de Almeida
chegado por email pela revista Turbilhão:
Desculpem enviar esta mensagem para o Vosso email, mas não tenho o do Fernando Correia de Oliveira que colocou um post no blogue:
http://agenciasnoticiosas.blogspot.pt/ , sobre o falecimento do jornalista João Pedro Martins que não posso deixar de lamentar e desejar que se encontre em BOM LUGAR. Fui colega dele desde a ANOP e desde que a LUSA nasceu fui Documentalista no Centro de Documentação Texto e entre 2000 e 2003 coordenador do mesmo.
Mais uma vez as minhas desculpas.
Manuel José Nunes de Almeida
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